Caríssimo,
Escurece. Embora estrelas acendam-se por todo o céu. A rua fica mais aberta com esse palpitar de luzes. Apenas meus passos são fracos, pela noite adentro.
É terça-feira de novembro. E, justamente hoje recebo de ti desejos de eu ter uma boa primavera. Mas aqui ainda é verão. Nesta hora do sono, em que ouço lá fora os sons dos grilos, quanto mais penso em ti, mais um calor toma conta de mim.
Resolvo balançar-me numa rede. Que bom! A frescura toma conta da varanda. (Parece que as estrelas interrompem o que estão fazendo para me impressionar por cima das árvores).
Calo-me. Às vezes fico assim em silêncio, pequenina, com saudades de ti.
Sempre à noitinha, voltam as lembranças de nossos beijos, como brotando de dentro de mim. Foi numa noite como esta que nos amamos pela primeira vez. Numa noite assim, tirei minhas defesas e me dei completamente a ti.
O vestido de alças, os pés descalços e a areia da praia e, andando sem pressa - nós dois.
Foi como se dois corpos se tornassem um só. Não se via senão o amor. Tua voz grave e doce me dizendo que seria para sempre.
Mas agora enxugo minhas lágrimas. Assim cheia de saudades. Meu olhar está entregue a uma dor intensa. Como se me tivessem tirado os sonhos.
Oh! Caríssimo, lá no alto as estrelas apenas me dizem que a vida segue...
E uma voz chorosa e triste, dentro de mim, repete que preciso de ti...
Vem...
Quem me dera estar contigo agora!