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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Caríssimo,



Lá vai a tarde; não ouço os sons de adeus. E caminha sozinha. E não encontra respostas, também não pergunta se o amanhã será duramente quente.
Sem socorro estão as árvores. O bem-te-vi que cantava aqui fugiu. E as lagoas choram tristes sem as garças para desfilarem ao banhar.
E fico confusa diante das folhas ao chão. Vejo os galhos vazios, sem vozes de pássaros. Queria que meu coração falasse; mas apenas me abraça de uma forma calada. Parece que entende o valor do silêncio da tarde.
Sozinha a tarde vai com meu olhar... E leva minha saudade pra meu amor.

Um beijo. 

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Lembranças de outono


De minha varanda sinto o cheiro dos cajus e vejo o sol brincar por entre a folhagem amarelada. É outono. Todo o chão do quintal pinta-se das flores secas e o vento passa sacudindo-se do calor da tarde.
Também já me vi assim; Soltava meus cabelos para te fazer respirar de meu cheiro faceiro e sensual.
As flores misturavam seus tons mesclados de vermelhos aos de meus lábios e eu sorria como se secretamente soubesse que tu me amavas. E elas ficavam a balançar as pétalas competindo com esse meu caminhar caboclo. Há dias que fico debaixo do cajueiro, distraída, com a lembrança de nossos olhares e depois, olho a beleza da tarde. Tu me foste muito especial.
E recordo que meus pensamentos de mulher inventavam mil modos de chamar tua atenção. Eu punha margaridas nos cabelos ou fazia-lhes cachos que se desmanchavam em tuas mãos. O céu azul abria-se em nuvens de algodão para ouvir meus gemidos nas horas desses afagos.
Ah, os pássaros soltavam a garganta e tudo era música de amor!
E quando a lua aparecia como bola branca adivinhando beijos amantes, tu me fazia versos. Ainda lembro-me de um singelo poeminha de amor que mo fizeste. Fiquei suspensa no ar e me vi bailando tal estas folhas que estão prendendo de mistérios meus olhos.
Agora, meus olhos têm apenas essas lembranças para correr no vento de outono.