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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Caríssimo,

O cair da tarde por entre a rua... E pouso meus em coisas de minha terra...
A pracinha da igreja e os meninos que brincam em suas calçadas... a mangueira na porta da casa de seu Nélson, carregada de frutos... e o cantar dos pássaros por todo lado...
Sento-me numa cadeira e fico observando quem passa... (Um homem de uns cinquenta anos conversa com uma criança perto do coreto, erguendo os olhos para o fim da rua... Vejo nele tanto de ti...) E deixo-me pensar em teu caminhar... No sorriso de teus olhos, unidos aos meus, em horas de nossas conversas. Lembras como eu te olhava?
Estávamos no hotel. Hora do jantar... Só meus olhos castanho-escuros denunciavam o meu querer ardente por ti... Mas isso não te passou despercebido... Lembro que disseste baixinho: “Tenha calma, logo, logo estaremos a sós!” E por toda a noite fiquei te bulinando com os olhos.
Em tuas mãos estava meu corpo. Estava também o poder das palavras. Quanto eu esperei ouvir de ti: “Não é um adeus!”. E quanto me foi difícil partir. De onde me veio tanta força para não te dizer que te amo e que não importa estarmos distantes? Eu devia ter gritado: “Eu te amo mesmo assim...”
Acontece que parti. E tu ficaste na estação... As pessoas passando, passando e as vozes sussurrando coisas... E não dissemos adeus... Ficamos só nos olhando...
O sol já não se encontra mais pela rua... Cores escuras se lançam por todos os locais... E eu, pensando, pensando, pensando...

Até...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010


Caríssimo,

O Natal foi calmo. Estive sozinha em casa olhando fotos... Iniciei a leitura de um livro “A menina que roubava livros” (presente de uma de minhas filhas); visitei minha mãe e enviei um e-mail para ti... E fiquei nesta saudade louca! Mas o que me deixou feliz hoje é que recebi (atrasado, não importa) teu cartão de Natal e pelos correios.
Fiquei surpresa. Ah, mas como gostei. Quando o carteiro chegou, e reconheci tua letra, meu coração encheu-se de uma emoção tão forte que julguei ser ainda o dia de Natal!... Ora, pelas ações se ajustam o sentimento do Nascimento... Chega-se ao mundo da Paz sem dificuldade...
Como tu estás? Pareceu-me cheio de vida nas palavras (embora poucas)... Porém, dentro das entrelinhas do conteúdo do cartão, há muitos dizeres: saudade, beijos, amor...
E a tua felicidade é a minha. Sabes de nossas conversas? Olhando os dias em que estivemos juntos, pergunto de repente: “Este cartão foi a forma de dizer que ainda me ama, mas que necessitamos ficar distantes?” É assim? Um final de amor com um cartão anunciando que devo seguir e procurar viver sem ti? E blá, blá, blá... ? (Desculpas, falo demais. Estou ansiosa.)
Um amor perto de mim. Outro cheiro. Outra boca encostada à minha, degustando de meus lábios... Onde mora quem escreveu que um novo amor faz esquecer o do coração?
Teus olhos pousavam em mim numa doçura tão boa! Lembro de tu me colocando o lençol sobre o corpo... Alguns momentos a gente guarda para sempre!
Há um céu cinza aqui, enquanto te escrevo... E, as nuvens são esparsas; algumas encobrem o sol. Acho que terei um cair da noite com pancadas de chuva. O quadro do céu é como meu sentimento de agora... Sei que vou chorar ao deitar.
Quanto ao cartão – vou guardá-lo com meus segredos.
Só não te esqueces de sonhar... E que sempre, depois da noite, vem o dia... Quem sabe o amanhã?
Na verdade, esta carta, não é o fim...

Meu beijo.


sábado, 25 de dezembro de 2010


Caríssimo,

Hoje me perguntaram: __ E você, Teresa, também vai falar com seu amor?

Na verdade, meu coração saltou de receios de contar que há mais de um ano não te vejo.  Minha própria voz me foi inimiga (ou amiga?!) e nada saiu. Mas como falar de nós, sem dizer que te amo tanto e tanto?!

A porta da casa está sempre aberta, esperando-te. E perto da varanda as flores num vaso natural – não são tanto do branco, mas do sangue da paixão.  Olha-as ao entrar, que tu saberás como estou... completamente apaixonada.

Sob o céu agora, há um sol forte. Sei que aí está frio, muito frio.  Mas pensa que debaixo dos lençóis estou dormindo contigo. Entre tuas mãos, as minhas - quentes e ternas... Que farias com meu corpo nesta hora? Talvez nem devesse perguntar...

Surgem cenas em minha volta: um homem e uma mulher com sede de amor... O suficiente para me fazer arrepiar (mesmo distante de ti)... Lembro de meu coração acelerado, de teu cheiro pelo corpo inteiro... de teu olhar!

Como eram belos teus olhos! Parecia que estavam sempre me adorando as curvas... numa procissão pelo corpo todo.

Teus olhos tinham uma doçura boa quando pousavam nos meus... Queria tê-los para sempre. Como posso andar por este mundo sem teus olhos? As coisas sem eles me parecem ásperas, sem vida...

Ahn! Mas o sol caminha... E preciso ir visitar minha família – é Natal!

Algumas folhas cortam a rua graciosamente... vou segui-las.

Sempre vais estar em meus dias...


P.S. Eu te amo.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


Caríssimo,

Durante este ano te escrevi e agora com a aproximação das Festas Natalinas, meu corpo mais quer estar contigo. Meu coração fervilha de amor!
Olha, meus olhos decididamente estão entre o azul do céu e a lembrança de tua boca. Como uma formiga no corpo, caminha um desejo em mim de estar em teus braços. Mas ponho os pés no chão e me deixo ficar de frente para o sol e para o caminho do trabalho, e o que vejo é que te amo mais e mais e mais... O querer de meu corpo é o de sempre, e meus olhos, minha boca e meu coração são elementos de tudo isso...
Por entre as pessoas de minha pequena cidade, passo num cumprimento radiante. Alguns me abraçam rapidamente, outros apenas me olham, e continuo a me dirigir ao trabalho como se o dia fosse ser o que desejo. Não me custa sonhar, penso.
Ao lado da pracinha, um menino de uns três anos numa calçada concentra-se no canto dos pássaros de uma velha árvore. “Dem-te-vir!”, ouço-o na linguagem infantil. Sorrio e o menino para momentaneamente, depois me esquece...  Antes de dobrar a esquina já o ouço cantar novamente.  
Sigo e resolvo não olhar para trás.
O canto dos bem-te-vis e a inocência infantil poderiam querer me fazer cantar para ti... Nesses momentos, eu posso dizer com todas as letras o quanto é maravilhoso amar. Ah, tão pouco nos pode fazer feliz! Não há um sentimento melhor que este para se falar de Natal!
Chego à escola.
As crianças estão brincando no pátio.
Agora meu tempo é delas...

A ti, meu eterno amor, meu beijo. Teresa.

P.S. Que teu Ano Novo seja de tudo de bom que pode acontecer, o mais, somos adultos e sabíamos que seriam apenas quatro dias para nos amarmos. E foi quanto tivemos.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Caríssimo,

Estamos em dezembro.  Nada além do canto dos pássaros a meu redor. Chego mais perto das árvores. O verde após a chuva de ontem estala em meus olhos. Uma flor da goiabeira curva-se ao chão.
Agora meu corpo exige uma resposta.
Não sei dizer exatamente com palavras o que vaga dentro de mim. Agacho-me. Estendo uma das mãos e pego a flor, sentindo um prazer em tê-la junto a mim.
Toda a vida quis ter um amor verdadeiro... Quatro dias me disseram que eu poderia virar a página apagada que me foram os anos sem ti...
Examinei bem esses dias... vezes e vezes... Notando a tinta do papel em que foram escritos.
E como poderia esperar, tenho as melhores lembranças. E ainda vão ficar por muito tempo...
Ah, posso notar outra coisa: __ Eu te amo!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Caríssimo,

O silêncio. Não gosto deste silêncio teu. Soa como estar esperando por algo que não vem, que não tive... Ah, tenho medo de o silêncio durar uma vida. E tapo os olhos para não ver o que me sugere teu silêncio...
Mas mudemos de assunto. Sabe, tenho dado ultimamente a andar como um autônomo. As folhas passam pelas calçadas levadas pelo vento. Vez em quando sinto que ele me leva e vou. Não há perfume por onde passo. Sinto o enfraquecer da tarde no fim de novembro. E sou apenas um ser que passa, sem sentir o sangue do sol (meu corpo está adormecido) alegre do Nordeste.
Confesso que me assusto. Toda a minha vida eu fugi do vento, pois ele parecia ler meus pensamentos. Coisa de quem vive trancada num mundo interior. Acho mesmo que devia era ser folha. Eu podia sair por aí... numa animação de quem voa sem ter asas.
Engraçado é que estou o tempo todo a procurar de me lembrar de uma coisa que me aconteceu quando eu era criança. Sei que era verão. Como hoje. Eu subi numa árvore e estendi os braços. Eu procurava uma corrente de vento forte e ela não veio. Estava tudo tão quieto... (lê bem baixinho: Era como este teu silêncio). As folhas até caíam bailando ao chão, mansamente, mansamente. Que podia eu fazer na ocasião? Desci da árvore e voltei triste para casa. E... eu não quero desistir de ti.
São quase dezoito horas. Agora o sol já se foi descorado... Como se estivesse debaixo de alguns pensamentos tristes. Isso é curioso... Eu jurava que ele estava a rir... procurando me chamar para um pouco de calor! Bem, eu podia aproveitar a noite chegando e ir olhar se tem luar...

sábado, 20 de novembro de 2010

Amores esquecidos

Escrevo-te...

A janela voltada para o nascente. Afastou o vaso de flores encarnadas e apoiou os cotovelos no peitoril, escorando o queijo nas mãos. Olhou o sol e sorriu. Sentiu o peito tombar de emoção e não reagiu. Que estranha sensação era aquela em plena desilusão? Se não fosse o tom alaranjado do pôr-do-sol, diriam que estava de novo amor. Estava?
Era quase impossível: o último lhe viera acordando os sentidos julgados adormecidos pela viuvez. Enrolou-se nos sonhos. Tudo se passara rápido ou era apenas impressão? Uma lágrima se principiou em direção à boca, arrancando brasas no coração. Por ele se fora?, gemeu baixinho. Uma das mãos cuidou de segurar a lágrima. Tarde, porque o pranto já vinha de dentro.
Mas o que é isso, estou pensando nele outra vez? De novo? Examinou as cartas que escrevera nos longos meses. Todas guardadas nas lembranças. Sim, como lhe escreva palavras de amor.      
Enveredando um pouco nas recordações, tomou cuidado de acender nas horas em que sentia o perfume dele no quarto. Era um perfume másculo. Deu voltas no que tinha do amado. Não sabe mais do aroma. Mas fica vendo as palavras dele. E como ele mesmo dizia, não olhe tanto as flores, que elas murcham e não se pode passar a vida assim.
O sol foi-se escondendo, respeitando as normas de fim do dia. A mulher à janela suspirou. Tudo virou quietude. Por que as flores na janela não cheiravam? Apanhou os cotovelos e descansou os braços ao longo do corpo. Ainda vacilou quando a lua veio caminhando nos pés de cajus por entre as poucas folhas de novembro. Mas dentro dela o sonho de amor fora esquecido. Andou para a cozinha e foi fazer um café.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

 Querido,

É bom dormir sobre teu peito. Teu cheiro, encostado ao meu, acende-me o corpo  à noite e se conserva durante o dia em meu travesseiro. E sabes bem como adoro te apalpar por baixos das cobertas...
Hum, meu coração batendo os toques em euforia, pergunta: Pensas em mim por onde andas?
E como te amar é viver num reino encanto, digo-lhe: feche os olhos e pense somente nele!
E fecho-os. A verdade é que te vejo em meus sonhos... Eu já voei e atravessei todo o oceano... Tu já me viste por aí, em bater de asas? Não? Pois voo até em balões...
O dia inteiro cuido de trabalho, e ouço música e cantar de pássaros. Depois, escuto, bem na noite, os suspiros de meu coração que viaja em lembranças de nossos beijos, de nossas noites... “Não pensas mais nessas noites?”...
................................................................
Meu coração pergunta “Se teu amor tem outro nome”.
Não respondas logo, quero gritar... E vou dormir pensando em teu calor, na noite iluminada, a lua acesa...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Caríssimo,



Lá vai a tarde; não ouço os sons de adeus. E caminha sozinha. E não encontra respostas, também não pergunta se o amanhã será duramente quente.
Sem socorro estão as árvores. O bem-te-vi que cantava aqui fugiu. E as lagoas choram tristes sem as garças para desfilarem ao banhar.
E fico confusa diante das folhas ao chão. Vejo os galhos vazios, sem vozes de pássaros. Queria que meu coração falasse; mas apenas me abraça de uma forma calada. Parece que entende o valor do silêncio da tarde.
Sozinha a tarde vai com meu olhar... E leva minha saudade pra meu amor.

Um beijo. 

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Lembranças de outono


De minha varanda sinto o cheiro dos cajus e vejo o sol brincar por entre a folhagem amarelada. É outono. Todo o chão do quintal pinta-se das flores secas e o vento passa sacudindo-se do calor da tarde.
Também já me vi assim; Soltava meus cabelos para te fazer respirar de meu cheiro faceiro e sensual.
As flores misturavam seus tons mesclados de vermelhos aos de meus lábios e eu sorria como se secretamente soubesse que tu me amavas. E elas ficavam a balançar as pétalas competindo com esse meu caminhar caboclo. Há dias que fico debaixo do cajueiro, distraída, com a lembrança de nossos olhares e depois, olho a beleza da tarde. Tu me foste muito especial.
E recordo que meus pensamentos de mulher inventavam mil modos de chamar tua atenção. Eu punha margaridas nos cabelos ou fazia-lhes cachos que se desmanchavam em tuas mãos. O céu azul abria-se em nuvens de algodão para ouvir meus gemidos nas horas desses afagos.
Ah, os pássaros soltavam a garganta e tudo era música de amor!
E quando a lua aparecia como bola branca adivinhando beijos amantes, tu me fazia versos. Ainda lembro-me de um singelo poeminha de amor que mo fizeste. Fiquei suspensa no ar e me vi bailando tal estas folhas que estão prendendo de mistérios meus olhos.
Agora, meus olhos têm apenas essas lembranças para correr no vento de outono. 

domingo, 19 de setembro de 2010

Ainda



Desisti de saber o porquê de tua partida.
E cerrando-me os olhos, sonhei
Com um rosto aberto de paixão.
Que o frescor da tarde e o hálito do vento
Possam te fazer respirar de flores.
Estas que nutrem as ilusões da vida
E povoam os corações amantes
De íntimo ardor profundo.
Ante essas mesmas flores me encontro,
Colhendo ilusões de tua volta.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

 Foto Google
Caríssimo,

    A palavra amor vem-me como um desejo de desfrutar a beleza das flores, ou de chamar teu nome.
    Na verdade, teu nome me vem sempre que me ponho a caminho da vida. O que ocorre é que para não me perder ao longo da estrada, calço-me de detalhes que aprendi contigo.
    Este amor, portanto, é motivo de alegria! Ele me serve para trazer a sensação gostosa de que o que vivemos foi maravilhoso e, que ainda após tua partida, guardo de ti, além do sabor dos beijos, sábias palavras. Sei que muitas vezes não te ouvi (tu foste paciente); até inventei desculpas para o que na época me pareceu o mais correto. Creio que não usava minha inteligência para cuidar de mim mesma, do que era minha cara – escrever textos infantis. Tu mo disseste que eu me sentiria bem, se o fizesse. Fiz e estou amando sentir-me criança outra vez.. Não há como fugir desse delicioso prazer de penetrar no mundo mágico da imaginação!
    Quero te dizer que estou aqui. Nem tudo é simples, sabe! Mas tenho buscado agir conforme tu mo dirias – seguindo em frente e me achando uma vencedora... E hei de chegar a um lugar aonde eu não tenha medo de abrir os braços.; não tenha receio de querer me entregar ao amor mais uma vez. Amar é bom!
     Pena que nós tivemos tão pouco tempo! Mas tivemos nossa história. Todo mundo tem uma história. E a nossa foi das mais lindas! Talvez eu conte dela a meus netos; talvez eu a guarde no fundo do baú de meu coração - para não se remexer; pois o que nela está escrito trata de um grande e louco amor.
    Mas essa história fica para outra carta...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Caríssimo,

    Aceitar a distância que nos separa está a cada dia mais difícil. Vem-me todas as horas a lembrança de teu corpo maduro, de teu gosto de fruto pronto a se colher... Ah, todos os dias ouço em meu coração teu nome_ tão perto de mim, tão no caminho de meus desejos...
    Sei que estou com um anseio infinito de te ver... de me encontrar em teus braços. Como não sonhar? (Tu me disseste que o impossível acontece...) Este anseio me arranca de um mormaço a que falto me entregar todos os dias... Talvez eu esteja entre o sonho e a realidade; invento um mundo onde posso te encontrar, mas é este mar imenso que nos separa.
    Estou em águas de enchentes. Sinto-me meio submersa entre o que vivemos e o presente _ o que ficou foram nossos momentos de amor. Deito meus olhos até onde os sonhos alcançam, até onde a esperança vive... Que mal há em sonhar?
    Sonham os homens todos os dias. Esperam, mesmo os pequeninos, por um amor inesquecível. Vozes de crianças cantam a esperança; meninos e meninas brincam mesmo que esteja chovendo... Por que não posso guardar o que sinto por ti para sempre?
    Quando olho para o tempo, é setembro. Ah, se me dessem o passado de volta, viveria tudo de novo! Sirvo-me, há quase um ano,  do que me lembro: Beijavas meus seios tais frutos bem deliciosos! E comias em vez de popa, de lábios morenos! E tudo, tudo tinha motivo para mais beijos!
    E não há dia em que não te sinta dentro de mim: do olhar a flores nos campos ou às aves que cruzam o firmamento. E tudo isso é amor. De qualquer que seja a realidade. De um coração de mulher ou da natureza.
     E sei... há um barco nalgum lugar esperando por nós... Depois de uma enseada, quando entardecer,  até que me acabem os dias... Nalgum lugar há de se juntar a alma minha à tua...

domingo, 1 de agosto de 2010

Como as folhas no chão

    Foi, sem dúvida, um acaso feliz, o de nos encontrarmos numa reunião de família. Sempre fico um pouco distanciada de todos, algo natural de minha parte – sou um tanto solitária! E é verdade que as discussões familiares deixam-me apreensiva. É que, no fundo, não sou de debates e nem um pouco simpática com aqueles que tratam os mais velhos com descaso. Coisa que aconteceu na ocasião.
    Então, nesta última reunião tive de me fazer ser ouvida, causando um silêncio momentâneo (bom para mim que pude expor calmamente minhas opiniões) e trazendo os olhares para minha pessoa. Sei que não te vi de imediato. Tu estavas com um irmão de minha mãe.
    Quando eu gesticulava numa euforia de meus argumentos acerca das heranças carinhosas que tenho de meus avós maternos (eu bem sabia do sabor disso no peito de meus irmãos) encontrei  a simpatia de teus olhos.  E, num lugar onde os homens têm peso nas palavras, tu eras o olhar mais atento de meu público.
    De imediato não vi relação entre o que eu dizia e uma possível admiração de tua parte para com meu jeito espontâneo de ser. Devo ter lançado algum sorriso a ti; afinal, meu corpo nunca vira um homem demorar-se tanto na curva de meus seios. Meus pensamentos quase me fugiram da razão e foram provar um pouco das delícias de uma sedução. Felizmente, consegui harmonizar minhas palavras no debate em questão e meus sentidos interiores.
    Sensações femininas é um estado de poética. Toma conta da pele e se fixa nos poros. Digamos,assim, que vá formigando devagar, como se buscasse conhecer um por um os desejos mais íntimos da mulher. Uma vez, dentro do coração, a alma parece ter saído de uma clausura e estar em libertação; pois amar passa a ser função vital, e o único alimento são os carinhos do amado.
     Eis como me encontrei em teus braços – sedenta de amor. Tua boca era fruta tropical das mais deliciosas que eu já provara. Sei que me entreguei sem reservas a teus beijos. Teus lábios me fizeram tremer de prazer. Eras o meu amor.
    Lembro de teu olhar sedutor; porém me demoro aqui nas recordações de momentos em que te vi meigo e gentil. Tudo quanto é belo havia em teu olhar. E eu era a rosa de tua atenção. Quando caminhávamos, uma brisa suave vinha de teus olhos cair bem em meu andar. Eu me sentia querida, flor singela fresca e gostosa de admirar! Feliz, sim, senti-me feliz...
    Felizes são os acasos de amor! Haverá coisa melhor que amar? Alguém que sabe o que é ter sido amada pode perder-se em lágrimas diante das lembranças desse amor? Pergunto-me, baixinho, olhando o sol se pôr como muitos seres o devem estar fazendo também agora.
    Agora, aqui no Piauí, é uma tarde como tantas outras depois de tua partida. O vento quente varre as folhas secas, alguns pássaros catam alimento no chão e, dentro de casa, pessoas conversam de lembranças. 

    Sei que estou nostálgica porque os amores se vão. Afetos e folhas são muito parecidos. Aqueles caem um dia no esquecimento do corpo e, estas, as árvores depositam no chão na época da florada. E o vento varre tudo...
    Mas algumas folhas demoram a amarelar!... Bem sei, bem sei...
   

terça-feira, 27 de julho de 2010

Como te amo

Foto Google
Caríssimo,

Os elementos da noite
Trazem o nome de meus pensamentos
Dois seres maduros em um quarto de hotel
Por um lado vejo meu corpo, meus seios nus
De outro, tua boa saciando meus desejos
As delícias de minha carne ante tua língua
Em que hora ardi mais em febre de prazer?
Talvez quando segurei meus cabelos
Quando gritei alto que te amava
Ou no momento que gozei contigo?

Não vês que a noite tem perfumes
Ou que a chama da lua se acende para nós?
E enquanto te chamo meu coração
Confessa mais que te amo

Meu beijo.

domingo, 13 de junho de 2010

Foto Google
Caríssimo,

Em minha saudade, vim conversar contigo.
Há um vulcão de pensamentos em mim; tantas perguntas!  Há de romper um raiar de sol... E fico olhando este céu azul, pintado de aves para todo lado.
Há uma beleza no firmamento: pulsam-me os sabores, os cheiros das tintas da vida. No entanto, canto teu nome como uma reza que tenho secretamente. E chamo teu rosto para passear com meus passos; tua voz para conversar com minha alma; teus mistérios para me prender.
A natureza se inflama de flores...  Embraseia –se de sol nas margaridas e o tom me convida a uma baile no amanhecer... Fico indecisa diante dos matizes... Minha boca encarnada de saudades da tua, quer sorrir no arco-íris do jardim silvestre que é o campo. Por aqui caminhamos de mãos dadas, trocamos nosso primeiro beijo e bem defronte do ipê amarelo, fizemos juras de amor_ eterno!
Um sabiá marcou encontro com as laranjeiras de meu quintal e vem todo dia numa seresta matinal! O som é melodia que me prende nesta saudade de ti!... Então, vim te dizer que...
... Desenho risos no céu com a tinta do nome teu.

sábado, 12 de junho de 2010

Caríssimo, 

Hoje a data pede que eu te escreva...

E digo-te que devemos pedir aos céus:
Um sol que nos aqueça nas horas de frio
Um chão para as flores que perdem as pétalas
Um bosque com árvores sempre vivas
Um alguém que saiba dizer: Te amo!
Muito embora o sol não venha
Mesmo que do chão se colha apenas erva daninha
E que do bosque as árvores estejam velhas
Pois o amor, este estranho amor, que vibra
Que ascende nas noites debaixo dos luares
Que se espalma fibra a fibra na pele dos amantes
Festeja o Dia dos Namorados na antiga frase:
_Eu te amo!

domingo, 6 de junho de 2010

Caríssimo,

Há meses não recebo notícias tuas, mas era o esperado; tu mo disseste nos olhos (quando nos despedimos). Sei que pensas em mim mesmo assim, todavia por razões que são unicamente tuas, deixas-me assim sem uma linha escrita por tanto tempo.

Nota que embora haja certeza de que fui amada, levanto a hipótese de esse sentimento não existir mais de tua parte. Muitas vezes (os amigos bem o sabem), estive com papel nas mãos e tantas palavras saudosas de ti nos lábios – curioso – e não te escrevi. Medo de eu ser agora apenas uma doce lembrança?

Imagens de nossos beijos, de nossos momentos juntos atingem-me noites e noites. Nessas horas, devo existir tão somente para os sentidos que me são aflorados. Repito teu nome baixinho, cheia de carinho... E as cobertas acolhem meu corpo em chamas. Sei da cor de teus olhos, do sabor de tua boca e do som de tua voz murmurando que me quer. Então, perco-me em sonhos entre o real e o que deseja meu corpo.

O estranho é este peito cheio de amor para ti. Ainda és o homem de minha vida. Para sempre...

Muitos beijos, carinhosos beijos de tua,

flordecaju.


quinta-feira, 20 de maio de 2010

Foto Google
Caríssimo,

Vivo com a saudade tua
nem sei bem como é este viver
não importa
não há necessidade
de entender
vivo

Por noites me considero forte
pinto palavras novas em meu coração
digo que te esqueci
então minhas mãos tateiam o lençol
frio solitário de amor
e sinto tua falta

Ponho os pensamentos no chão
minha camisola tem teu cheiro
todo o quarto fala de nossos gemidos
meu corpo tem tua pele
com vontade de te amar 
outra vez

Quem em dera
percorrer as noites
abrigada em teus braços
e os lábios encarnados
como os das rosas 
de meu jardim

Mas só tenho a lua
na janela
batendo 
amarela
em meus olhos



quinta-feira, 18 de março de 2010

Foto do Google
Caríssimo,

Hoje tirei a tarde para ficar em casa. Sentei-me à mesa e fiquei olhando por um bom tempo as flores no vaso que eu colhera com tanto carinho de manhã cedinho... de uns tons amarelos elas representavam uma alegria e uma ausência dentro de mim. Embora eu me achasse nua de notícias tuas, habitava em mim um sentimento de quem se sabe ter sido amada... e de ter vivido belos instantes de ternura.
Depois, fui até uma vitrola antiga que guardo num lugar reservado na sala,como lembrança à memória de meu pai, e coloquei um disco de Roberto Carlos; o som da música “Detalhes” encheu o ambiente. Ah, meu querido, então me derramei em lágrimas! Tantos sabores dentro de mim; tua boca, teu cheiro, tua voz com esse sotaque tão diferente deste meu jeito brejeiro. Como eu adorava ficar a ti ouvir!... Tua sabedoria me encantava!... Lembras de meus olhos em ti, sorrindo com deslumbramento de tuas palavras?...
Mas eu não sou de ficar horas plantada remoendo minhas dores... Ergui-me do sofá e caminhei pela mata perto de casa. Era já a chegada da noite: os primeiros sons do campo me saudaram como se soubessem que eu precisava de um alento, de um sorriso. A noite perdeu seu manto negro ao receber uma cascata de estrelas. Não parecesse satisfeita, ela fez uma lua brindar meus olhos... Não pude resistir!.. Arrebentei-me de emoções!...
Quis, naquele instante, me vestir de princesa e correr a ti!...
Será que os momentos felizes são assim tão fugitivos como essa lua que caminha de um lado a outro do céu?... E por que ela se vai e volta sempre? Ainda sou jovem dentro de mim!... Quero te encontrar mais uma vez!... Há tantos luares que ainda podemos ver!...
E fico aqui... te escrevendo... suspirando... enquanto a lua vai andando, andando... 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Foto Google
Caríssimo,

Hoje acordei pensando em ti
Então esqueci as censuras de minha razão
Minha pele é toda sensação física
Até o ar morno da manhã tem aroma de amor
A neblina que envolve as plantas é lençol de seda
Debaixo do qual as flores amaram envolvidas pela lua
Agora nesta aurora, tua imagem vem-me fascinante ao colo
Teus lábios estão a mordiscar-me numa carícia louca
Neste meu mundo febril dos desejos tu és a essência
Reconheço estar no cio assim a gemer de vontades
Meus seios derramam-se de sabores com o sangue a ferver por teu amor
Olhando o céu, há uma correspondência entre nós sem explicação
Minhas sensações eróticas são transmitidas a ti por pensamentos
Não nos preocupamos em analisar os porquês
Apenas estamos em fogo neste fósforo aceso pela poética
Nossas palavras sugerem um encontro clandestino
Sou toda coxas toda beijos plena de sentidos
E bocas passeiam-me no ventre e dedos conhecem-me o âmago
Ondas sobem-me ao peito águas molham-me o interior
Em horas assim, soluçam-me os olhos de um prazer com gemidos
Enquanto imploro ao vento que leve estas palavras a ti
Que corte o firmamento cantando desta minha alma em flor...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010


Caríssimo,



Tomo a lira do vento que assobia nos galhos das árvores
E colho dos segredos dos pássaros das folhas secas.
Suspensa, num balanço, sonho com asas multicores
Montanhas altas densas florestas um jardim de flores
Deixo meu pensamento livre ao ocaso
Embaixo os morros as matas as correntezas dos rios.
Agitam-me n’alma teu rosto ainda na lembrança
Um afago em meus cabelos um sussurro noturno.
Assim batendo no coração assim se estendendo
Em que meus olhos somente veem tua figura me abraçando.
Falta-me o ar aperta-me o peito a lágrima desce
E perde-se no vento; não fosse tua despedida
Simularia ser gota de orvalho...

domingo, 31 de janeiro de 2010

 Foto Google
Não sei dizer como minha história começou... Nossa história!...

Lembro-me das palavras...  Corria um vento morno por entre as árvores, e tua voz misturando-se com as linhas de teu corpo em meus olhos... O movimento de tua boca a prender-me os desejos...
Nus, descalços, meu corpo palpitando junto ao teu, festejamos nossos sonhos de cenas exóticas de paixão...
A água em nossa pele e eu diante do contorno viril de teu tórax... Desci minhas mãos na tua epiderme, sorvi-a beijo a beijo navegando nos caminhos fecundos de teu peito.
E tu, meu amado, a me sussurrar: “Quero teu corpo! Eu sou a água da tua sede... Sacia-te de mim!...”
Gentis teus dedos em minhas pernas, e todas as curvas de meu corpo em realismos de prazeres...
Alta noite, eu bêbada de tua fragrância masculina, em completo torpor de puro deleite, mas ardente e vaporosa; pedi-te outro sol, outra lua, novas paragens de amor.
Ah, nossa história veio de mansinho... numa ânsia de amar!... Fecundou em nossos pensamentos, escaldou-nos os sonhos por noites e noites em que ficávamos a imaginar como seria quando nos encontrássemos!... Uníamo-nos em palavras, em versos saídos do peito... Dependuramos nossos desejos numa linda imaginação... Eu era tua amada secreta e tu meu eterno amante!
Mas explica-me! Em que se baseou o teu amor? Fico aqui gritando dentro de minh’alma, chorando num secreto silêncio... E não sei o porquê de teu adeus!
Somente a lua comigo na noite, neste deserto de tua ausência... E meus olhos que já viram os teus por mim enamorados... Em febre de lágrimas...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010



Caríssimo,

Histórias, histórias...  Cruzam os dias...
E mocinhas erguem seus mantos ao vento
Como de costume, aos domingos entram na igrejinha
Desfilam na pracinha em seus vestidos bordados
Casas recebem visitas em conversas do tempo
Meninos correm na rua como ervas do campo
Dourado um crepúsculo despeja o sol por entre as árvores
Longe, bem longe uma mulher sentada na tarde
Ora descansa os olhos nas flores do chão
Ora copiosa suspira numa melancolia de amor
Ainda não anoiteceu e um leve sopro de calor do dia
Habita no silêncio do coração dela
Passam algumas formigas em suas siluetas alinhadas
Indiferentes ao pálido rosto distanciado do foco da cidade
É apenas um retrato já envelhecido
Uma espécie de saudade toma conta de meus olhos
E depois mais nada. Guardo a imagem num segredo. 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


Fiz a ti, meu amor...



Versinhos de amor

Cheios de segredos meus olhos
Pousam nos teus
Riem, escondem-se, sugerem
Fazem um tlic tlac em minhas emoções
E num delicado fulgor são minhas expressões
De longe ouvem o rumor de teus passos
E mil coisas começam a imaginar
Um pouco de calor, então, caminha-me no corpo
Quero correr pela rua, jogar-me em teus braços
E meu coração a dizer que sim enamorado
Seresteiros emolduram a pracinha
Embaralham-me as emoções na música
E eu já em teus braços esquecendo-me dos olhos
Enquanto ganho um longo beijo de amor

terça-feira, 26 de janeiro de 2010





Caríssimo,

Tenho pensado tanto em ti!...

... Então construo um mundo dentro de mim...
E um aroma cálido da tarde sobe em meu corpo, baila em meus olhos e recordo de ti. “Não devo pensar nesse amor? Mas olha! meu coração sabe teu nome, e o endereço de teu sabor!”
Chegam-me flores nas mãos do dia toda manhã!... Sirvo-me do calor do sol dentro de meus sonhos... Tomo banho nas águas da chuva que caiu há pouco e não mato esse calor!... Nas beiras do riacho que construí em minha imaginação moram flores que se abrem a cada lembrança de um sorriso teu... E misturo tudo num azul do céu: “Quero banhar no riacho que sangrou durante a enxurrada e colher das flores que parecem sóis diante do dormir do dia!...”
Ainda mais longe me corre a realidade... Não a quero perto de mim... Digo baixinho, num sussurro, a meu coração que contigo guardo meus momentos mais felizes!... E na tarde, o vento investiga: “Foram tão bons os momentos de amor?”
E repito como se falasse a ti: “Pode mudar o ritmo do vento; desabrochar e caírem-se as flores; o sol esquecer-se de aquecer minha janela... Que teu aroma sempre viverá em meu corpo!”
E sabe, se eu soubesse fazer um poeminha... Eu o enviaria a ti!... Mas não!... Então, fico construindo esse meu mundo dentro de mim...  Enquanto a noite se achega aqui, Meu amor!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Saudades


Praça Irmãos Dantas- Piracuruca


Caríssimo,




A rua florida parece ter teu perfume
Toda minha pele o sente nesta tarde de verão
E sinto-te tão profundamente
Há em cada canto da rua um pouco de ti
Não vês o quanto te chamo, meu amor?
Sei que há um frescor no vento a brincar nas árvores
Vejo nas calçadas os risos amigos
Meninos brincando de pica-esconde
E tanta, tanta vida no caminho
Mas pouso meu coração em teus braços e não sinto teu calor
E fico triste, porque não sei onde estás
A cada passo novo na rua, olho com vontade de te encontrar
E fico com cuidado no sol
Pois ele se vai e sempre espero seu retorno
Que me traga notícias de ti
Já me chegam as horas da lua
Sem estranheza, numa visita tão conhecida
Logo mais estarei pousando meu corpo no travesseiro
E sei que meu mundo será de pensamentos em ti.