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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Caríssimo,

O cair da tarde por entre a rua... E pouso meus em coisas de minha terra...
A pracinha da igreja e os meninos que brincam em suas calçadas... a mangueira na porta da casa de seu Nélson, carregada de frutos... e o cantar dos pássaros por todo lado...
Sento-me numa cadeira e fico observando quem passa... (Um homem de uns cinquenta anos conversa com uma criança perto do coreto, erguendo os olhos para o fim da rua... Vejo nele tanto de ti...) E deixo-me pensar em teu caminhar... No sorriso de teus olhos, unidos aos meus, em horas de nossas conversas. Lembras como eu te olhava?
Estávamos no hotel. Hora do jantar... Só meus olhos castanho-escuros denunciavam o meu querer ardente por ti... Mas isso não te passou despercebido... Lembro que disseste baixinho: “Tenha calma, logo, logo estaremos a sós!” E por toda a noite fiquei te bulinando com os olhos.
Em tuas mãos estava meu corpo. Estava também o poder das palavras. Quanto eu esperei ouvir de ti: “Não é um adeus!”. E quanto me foi difícil partir. De onde me veio tanta força para não te dizer que te amo e que não importa estarmos distantes? Eu devia ter gritado: “Eu te amo mesmo assim...”
Acontece que parti. E tu ficaste na estação... As pessoas passando, passando e as vozes sussurrando coisas... E não dissemos adeus... Ficamos só nos olhando...
O sol já não se encontra mais pela rua... Cores escuras se lançam por todos os locais... E eu, pensando, pensando, pensando...

Até...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010


Caríssimo,

O Natal foi calmo. Estive sozinha em casa olhando fotos... Iniciei a leitura de um livro “A menina que roubava livros” (presente de uma de minhas filhas); visitei minha mãe e enviei um e-mail para ti... E fiquei nesta saudade louca! Mas o que me deixou feliz hoje é que recebi (atrasado, não importa) teu cartão de Natal e pelos correios.
Fiquei surpresa. Ah, mas como gostei. Quando o carteiro chegou, e reconheci tua letra, meu coração encheu-se de uma emoção tão forte que julguei ser ainda o dia de Natal!... Ora, pelas ações se ajustam o sentimento do Nascimento... Chega-se ao mundo da Paz sem dificuldade...
Como tu estás? Pareceu-me cheio de vida nas palavras (embora poucas)... Porém, dentro das entrelinhas do conteúdo do cartão, há muitos dizeres: saudade, beijos, amor...
E a tua felicidade é a minha. Sabes de nossas conversas? Olhando os dias em que estivemos juntos, pergunto de repente: “Este cartão foi a forma de dizer que ainda me ama, mas que necessitamos ficar distantes?” É assim? Um final de amor com um cartão anunciando que devo seguir e procurar viver sem ti? E blá, blá, blá... ? (Desculpas, falo demais. Estou ansiosa.)
Um amor perto de mim. Outro cheiro. Outra boca encostada à minha, degustando de meus lábios... Onde mora quem escreveu que um novo amor faz esquecer o do coração?
Teus olhos pousavam em mim numa doçura tão boa! Lembro de tu me colocando o lençol sobre o corpo... Alguns momentos a gente guarda para sempre!
Há um céu cinza aqui, enquanto te escrevo... E, as nuvens são esparsas; algumas encobrem o sol. Acho que terei um cair da noite com pancadas de chuva. O quadro do céu é como meu sentimento de agora... Sei que vou chorar ao deitar.
Quanto ao cartão – vou guardá-lo com meus segredos.
Só não te esqueces de sonhar... E que sempre, depois da noite, vem o dia... Quem sabe o amanhã?
Na verdade, esta carta, não é o fim...

Meu beijo.


sábado, 25 de dezembro de 2010


Caríssimo,

Hoje me perguntaram: __ E você, Teresa, também vai falar com seu amor?

Na verdade, meu coração saltou de receios de contar que há mais de um ano não te vejo.  Minha própria voz me foi inimiga (ou amiga?!) e nada saiu. Mas como falar de nós, sem dizer que te amo tanto e tanto?!

A porta da casa está sempre aberta, esperando-te. E perto da varanda as flores num vaso natural – não são tanto do branco, mas do sangue da paixão.  Olha-as ao entrar, que tu saberás como estou... completamente apaixonada.

Sob o céu agora, há um sol forte. Sei que aí está frio, muito frio.  Mas pensa que debaixo dos lençóis estou dormindo contigo. Entre tuas mãos, as minhas - quentes e ternas... Que farias com meu corpo nesta hora? Talvez nem devesse perguntar...

Surgem cenas em minha volta: um homem e uma mulher com sede de amor... O suficiente para me fazer arrepiar (mesmo distante de ti)... Lembro de meu coração acelerado, de teu cheiro pelo corpo inteiro... de teu olhar!

Como eram belos teus olhos! Parecia que estavam sempre me adorando as curvas... numa procissão pelo corpo todo.

Teus olhos tinham uma doçura boa quando pousavam nos meus... Queria tê-los para sempre. Como posso andar por este mundo sem teus olhos? As coisas sem eles me parecem ásperas, sem vida...

Ahn! Mas o sol caminha... E preciso ir visitar minha família – é Natal!

Algumas folhas cortam a rua graciosamente... vou segui-las.

Sempre vais estar em meus dias...


P.S. Eu te amo.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010


Caríssimo,

Durante este ano te escrevi e agora com a aproximação das Festas Natalinas, meu corpo mais quer estar contigo. Meu coração fervilha de amor!
Olha, meus olhos decididamente estão entre o azul do céu e a lembrança de tua boca. Como uma formiga no corpo, caminha um desejo em mim de estar em teus braços. Mas ponho os pés no chão e me deixo ficar de frente para o sol e para o caminho do trabalho, e o que vejo é que te amo mais e mais e mais... O querer de meu corpo é o de sempre, e meus olhos, minha boca e meu coração são elementos de tudo isso...
Por entre as pessoas de minha pequena cidade, passo num cumprimento radiante. Alguns me abraçam rapidamente, outros apenas me olham, e continuo a me dirigir ao trabalho como se o dia fosse ser o que desejo. Não me custa sonhar, penso.
Ao lado da pracinha, um menino de uns três anos numa calçada concentra-se no canto dos pássaros de uma velha árvore. “Dem-te-vir!”, ouço-o na linguagem infantil. Sorrio e o menino para momentaneamente, depois me esquece...  Antes de dobrar a esquina já o ouço cantar novamente.  
Sigo e resolvo não olhar para trás.
O canto dos bem-te-vis e a inocência infantil poderiam querer me fazer cantar para ti... Nesses momentos, eu posso dizer com todas as letras o quanto é maravilhoso amar. Ah, tão pouco nos pode fazer feliz! Não há um sentimento melhor que este para se falar de Natal!
Chego à escola.
As crianças estão brincando no pátio.
Agora meu tempo é delas...

A ti, meu eterno amor, meu beijo. Teresa.

P.S. Que teu Ano Novo seja de tudo de bom que pode acontecer, o mais, somos adultos e sabíamos que seriam apenas quatro dias para nos amarmos. E foi quanto tivemos.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Caríssimo,

Estamos em dezembro.  Nada além do canto dos pássaros a meu redor. Chego mais perto das árvores. O verde após a chuva de ontem estala em meus olhos. Uma flor da goiabeira curva-se ao chão.
Agora meu corpo exige uma resposta.
Não sei dizer exatamente com palavras o que vaga dentro de mim. Agacho-me. Estendo uma das mãos e pego a flor, sentindo um prazer em tê-la junto a mim.
Toda a vida quis ter um amor verdadeiro... Quatro dias me disseram que eu poderia virar a página apagada que me foram os anos sem ti...
Examinei bem esses dias... vezes e vezes... Notando a tinta do papel em que foram escritos.
E como poderia esperar, tenho as melhores lembranças. E ainda vão ficar por muito tempo...
Ah, posso notar outra coisa: __ Eu te amo!