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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

 Foto Google
Caríssimo,

    A palavra amor vem-me como um desejo de desfrutar a beleza das flores, ou de chamar teu nome.
    Na verdade, teu nome me vem sempre que me ponho a caminho da vida. O que ocorre é que para não me perder ao longo da estrada, calço-me de detalhes que aprendi contigo.
    Este amor, portanto, é motivo de alegria! Ele me serve para trazer a sensação gostosa de que o que vivemos foi maravilhoso e, que ainda após tua partida, guardo de ti, além do sabor dos beijos, sábias palavras. Sei que muitas vezes não te ouvi (tu foste paciente); até inventei desculpas para o que na época me pareceu o mais correto. Creio que não usava minha inteligência para cuidar de mim mesma, do que era minha cara – escrever textos infantis. Tu mo disseste que eu me sentiria bem, se o fizesse. Fiz e estou amando sentir-me criança outra vez.. Não há como fugir desse delicioso prazer de penetrar no mundo mágico da imaginação!
    Quero te dizer que estou aqui. Nem tudo é simples, sabe! Mas tenho buscado agir conforme tu mo dirias – seguindo em frente e me achando uma vencedora... E hei de chegar a um lugar aonde eu não tenha medo de abrir os braços.; não tenha receio de querer me entregar ao amor mais uma vez. Amar é bom!
     Pena que nós tivemos tão pouco tempo! Mas tivemos nossa história. Todo mundo tem uma história. E a nossa foi das mais lindas! Talvez eu conte dela a meus netos; talvez eu a guarde no fundo do baú de meu coração - para não se remexer; pois o que nela está escrito trata de um grande e louco amor.
    Mas essa história fica para outra carta...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Caríssimo,

    Aceitar a distância que nos separa está a cada dia mais difícil. Vem-me todas as horas a lembrança de teu corpo maduro, de teu gosto de fruto pronto a se colher... Ah, todos os dias ouço em meu coração teu nome_ tão perto de mim, tão no caminho de meus desejos...
    Sei que estou com um anseio infinito de te ver... de me encontrar em teus braços. Como não sonhar? (Tu me disseste que o impossível acontece...) Este anseio me arranca de um mormaço a que falto me entregar todos os dias... Talvez eu esteja entre o sonho e a realidade; invento um mundo onde posso te encontrar, mas é este mar imenso que nos separa.
    Estou em águas de enchentes. Sinto-me meio submersa entre o que vivemos e o presente _ o que ficou foram nossos momentos de amor. Deito meus olhos até onde os sonhos alcançam, até onde a esperança vive... Que mal há em sonhar?
    Sonham os homens todos os dias. Esperam, mesmo os pequeninos, por um amor inesquecível. Vozes de crianças cantam a esperança; meninos e meninas brincam mesmo que esteja chovendo... Por que não posso guardar o que sinto por ti para sempre?
    Quando olho para o tempo, é setembro. Ah, se me dessem o passado de volta, viveria tudo de novo! Sirvo-me, há quase um ano,  do que me lembro: Beijavas meus seios tais frutos bem deliciosos! E comias em vez de popa, de lábios morenos! E tudo, tudo tinha motivo para mais beijos!
    E não há dia em que não te sinta dentro de mim: do olhar a flores nos campos ou às aves que cruzam o firmamento. E tudo isso é amor. De qualquer que seja a realidade. De um coração de mulher ou da natureza.
     E sei... há um barco nalgum lugar esperando por nós... Depois de uma enseada, quando entardecer,  até que me acabem os dias... Nalgum lugar há de se juntar a alma minha à tua...

domingo, 1 de agosto de 2010

Como as folhas no chão

    Foi, sem dúvida, um acaso feliz, o de nos encontrarmos numa reunião de família. Sempre fico um pouco distanciada de todos, algo natural de minha parte – sou um tanto solitária! E é verdade que as discussões familiares deixam-me apreensiva. É que, no fundo, não sou de debates e nem um pouco simpática com aqueles que tratam os mais velhos com descaso. Coisa que aconteceu na ocasião.
    Então, nesta última reunião tive de me fazer ser ouvida, causando um silêncio momentâneo (bom para mim que pude expor calmamente minhas opiniões) e trazendo os olhares para minha pessoa. Sei que não te vi de imediato. Tu estavas com um irmão de minha mãe.
    Quando eu gesticulava numa euforia de meus argumentos acerca das heranças carinhosas que tenho de meus avós maternos (eu bem sabia do sabor disso no peito de meus irmãos) encontrei  a simpatia de teus olhos.  E, num lugar onde os homens têm peso nas palavras, tu eras o olhar mais atento de meu público.
    De imediato não vi relação entre o que eu dizia e uma possível admiração de tua parte para com meu jeito espontâneo de ser. Devo ter lançado algum sorriso a ti; afinal, meu corpo nunca vira um homem demorar-se tanto na curva de meus seios. Meus pensamentos quase me fugiram da razão e foram provar um pouco das delícias de uma sedução. Felizmente, consegui harmonizar minhas palavras no debate em questão e meus sentidos interiores.
    Sensações femininas é um estado de poética. Toma conta da pele e se fixa nos poros. Digamos,assim, que vá formigando devagar, como se buscasse conhecer um por um os desejos mais íntimos da mulher. Uma vez, dentro do coração, a alma parece ter saído de uma clausura e estar em libertação; pois amar passa a ser função vital, e o único alimento são os carinhos do amado.
     Eis como me encontrei em teus braços – sedenta de amor. Tua boca era fruta tropical das mais deliciosas que eu já provara. Sei que me entreguei sem reservas a teus beijos. Teus lábios me fizeram tremer de prazer. Eras o meu amor.
    Lembro de teu olhar sedutor; porém me demoro aqui nas recordações de momentos em que te vi meigo e gentil. Tudo quanto é belo havia em teu olhar. E eu era a rosa de tua atenção. Quando caminhávamos, uma brisa suave vinha de teus olhos cair bem em meu andar. Eu me sentia querida, flor singela fresca e gostosa de admirar! Feliz, sim, senti-me feliz...
    Felizes são os acasos de amor! Haverá coisa melhor que amar? Alguém que sabe o que é ter sido amada pode perder-se em lágrimas diante das lembranças desse amor? Pergunto-me, baixinho, olhando o sol se pôr como muitos seres o devem estar fazendo também agora.
    Agora, aqui no Piauí, é uma tarde como tantas outras depois de tua partida. O vento quente varre as folhas secas, alguns pássaros catam alimento no chão e, dentro de casa, pessoas conversam de lembranças. 

    Sei que estou nostálgica porque os amores se vão. Afetos e folhas são muito parecidos. Aqueles caem um dia no esquecimento do corpo e, estas, as árvores depositam no chão na época da florada. E o vento varre tudo...
    Mas algumas folhas demoram a amarelar!... Bem sei, bem sei...